terça-feira, 20 de novembro de 2012

A dor da saudade

É impressionante como existem coisas na vida que parecem tão simples, tão leve  e ao mesmo tempo são tão intensas. Muitas coisas em minha vida são assim, diria que na vida de todo mundo é assim, o problema é que acabo dando muita importância a elas e falo sobre elas no meu blog.

É o que vou fazer agora ! Falar sobre uma simples viagem a praia aproveitando um feriadão, nada de mais, tanto que até me esqueci da máquina fotográfica, já que os lugares são tão costumeiros e não se esperava muito além de descanso, sol e mar.

O problema é que quando se tem uma criança especial em casa, as coisas básicas passam a não ser tão básicas assim, a começar pelas malas, nada pode ser esquecido:  remédios, cadeira de rodas, carrinho para momentos "quick", as órteses dos braços, pés e mãos, latas da dieta e frascos. Ufa!

Mas o stress em questão também não era o Davi e sua super bagagem, e sim a expectativa sobre nossa condição de espírito ao chegar no apartamento onde praticamente perdemos a minha avó em junho deste ano, especialmente porque meu avô estava indo conosco.

O apartamento para nossa temporada de praia, que chique, é dele, e há cinco meses aproveitamos um feriado e fomos pra lá com a minha avó. Fomos eu, meu marido, meus filhos, e o vô e vó. Sempre viajamos juntos, o vô é super disposto e a vó o acompanhava em tudo.

Nessa viagem o Davi estava com dor de ouvido, para variar, mas com o cólinho da bisa ele se acalmava e eu acabava aproveitando para ir a praia e tomar um sol.

Mas no dia em que arrumaríamos as malas para voltar, não voltamos! Minha avó com 80 anos sofreu um AVC e foi parar num hospital municipal da Praia Grande, correndo sério risco de vida, fez uma cirurgia de emergência no mesmo dia e foi transferida para São Paulo três dias depois onde resistiu na UTI por mais uns 40 dias, até que ela se foi, deixando um vazio muito grande.

Sempre converso com o Davi sobre a viagem da avó, e sei que ele sente falta dela, ela tinha por ele um carinho muito especial, e isso me faz falta também. É incrível como precisamos de pessoas que amem nossos filhos, isso acalenta o coração, especialmente quando a criança é especial, porque algumas pessoas simplesmente ignoram, acredito que pensam que eles não entendem e não percebem o mundo a sua volta.

Mas o Davi percebe e entende tudo, até que pessoas o ignoram , também sentia o quanto minha avó o amava. Ela o ensinou a dar piscadinhas em resposta a suas perguntas e quando ela orava para ele, ele dormia. Ela acreditava que ele era capaz de muitas coisas e com sua paciência falava e ele ficava olhando, ouvindo e dando humildes risadinhas com o canto da boca, coisa rara.

Mas voltando a falar sobre a praia... foi muito difícil chegar no local onde tudo aconteceu, reviver o drama, as lembranças, tristes lembranças, encontrar ainda suas coisas no armário. Não ter nossa avó conosco. Administrar a dor do avô com 86 anos.
Mas posso falar? Ele é mais forte do que todos nós! Ficou triste, mas rapidamente se envolveu com o clima de férias, se alegrou com as crianças e até tomou uma cervejinha na praia.

Pronto! Fechamos esse ciclo, enfrentamos o retorno ao local, superamos a dor!
As lembranças boas que vivemos lá com a vó superaram a más, e é por ela que vamos colecionar momentos de alegria como esse que vivemos.

Quanto a dor da saudade ? Essa ainda permanece, e para ser sincera, não quero deixar esse sentimento para trás, pois sentir falta de alguém como a minha avó me faz lembrar que tive alguém como a minha avó e isso basta!
Alegria dos avós com a netinha.
O Natal era mágico com sua alegria!




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Contradições

Aprendi ....
Aprendi que dinheiro não compra felicidade, mas é muito importante para ajudar na qualidade de vida. 
Aprendi que a experiência vale mais que a ciência, mas anseio por estudos científicos relacionados a células tronco.
Aprendi que pessoas não dão o amor que não tem, mas temos que ser capazes de reconhecer sua forma de amar.
Aprendi que é na dor que reconhecemos os amigos, mas a rotina ás vezes não nos permite retribuir a amizade.
Aprendi que pais que se tornam desnecessários são os melhores, mas meu filho depende de mim para ver o céu.
Aprendi que o tempo cura qualquer dor, mas que o dia-a-dia pode ser bem doloroso.
Aprendi que os problemas dos outros são bem melhores que os nossos, mas jamais trocaríamos.
Aprendi a olhar pessoas deficientes e suas famílias com outros olhos, mas ás vezes ainda sinto autopiedade.
Aprendi que não existe uma fórmula certa para ser feliz, mas luto por isso a cada dia.
Aprendi que não sou perfeita porque amo, mas por amar tanto busco a perfeição.