Ele se mostrava feliz, evoluindo dentro de seu tempo com demonstrações de que estava cada vez mais entretido com o mundo a sua volta e gostando disso. A unica coisa que incomodava era a respiração, cada vez mais difícil, mesmo com as fisio respiratórias e aspirações feitas semanalmente ele se mostrava cada vez mais impaciente e nervoso, o que resultava em espasticidade e causava mal estar.
Eu estava certa de que o tempo seco era o vilão dessa história, e foram tubos de soro fisiológico para lavar o nariz e fazer inalações além dos umidificadores de ar na sala e no quarto ligados o dia todo. Até que... choveu! E nada dele melhorar!
Marquei consulta com a otorrino dele em São Paulo, a mesma que colocou os drenos nos ouvidos no início do ano, e lá fomos nós para a consulta, eu, ele e minha mãe. Como ela tinha algumas coisas para fazer por lá, aproveitou a viagem. Só que São Paulo é muito diferente de Limeira, especialmente em relação ao trânsito, e por mais que você saiba disso você sempre acha que dessa vez vai ser diferente e se dá mal.
Estávamos bem perto do consultório, porém demoramos uma hora e meia para chegar e quando chegamos percebemos que era do outro lado da avenida, avenida Santo Amaro, que naquele horário estava quase parada. Para retornarmos demoraríamos uns vinte minutos, então tive a "brilhante" ideia, já que estávamos atrasadas, de descer do carro e atravessar com o Davi ao colo.
Minha mãe quase surtou mas concordou ao perceber que poderíamos perder a consulta.
Começa então a grande odisseia de alguns minutos que pareceram durar uma eternidade.
Ela parou o carro em frente a uma agência dos Correios, e eu desci com o Davi todo enrolado numa manta, só o nariz e os olhos para fora, minha mãe foi nos seguindo em apuros, olhando se não vinha moto e pedindo para que os carros parassem, isso porque eu estava na faixa de pedestres e o sinal fechado. Parei no canteiro central e o sinal abriu, os ônibus passavam bem perto de ambos os lados e eu bem lá no meio com meu lemão que nem imaginava o que estava acontecendo. O sinal fechou, minha mãe voltou para o carro e eu segui até o consultório.
Andei um pouco mais de uma quadra quase correndo por que o vento estava congelante e não sei porque me lembrei do filme do ET! É que eu andava tão rápido que o Davi ficava balançando a cabecinha com a manta na cabeça. Hoje me lembro disso e caio na gargalhada, foi muito cômico... só faltou a gente sair voando...
Enfim chegamos e logo entramos para consulta, alguns minutos depois minha mãe chegou com a cadeira toda desmontada (não sei como conseguiu levá-la assim) e contando que os funcionários dos Correios ficaram cuidando do carro que ela deixou todo aberto e parado em local proibido. (Como é bom encontrar gente assim em nosso caminho).
Putz, fugi totalmente do assunto!
Voltando a falar da respiração do Davi, a médica constatou através de um exame que coloca uma sondinha pelo nariz (não me lembro do nome) que ele está com a adenoide super aumentada bloqueando a entrada de ar pelo nariz e como ele não segura a cabecinha e mantém a cabeça para trás, especialmente por causa da espasticidade, a língua fica pra trás também e acaba dificultando a passagem do ar pela boca. Resultado: ele sente muita dificuldade em respirar mesmo!
Mas como para todo problema existe uma solução... já sai de lá com a cirurgia marcada (só falta o plano de saúde liberar). Ele vai retirar a adenoide, amígdalas, fazer uma alargamento do palato e aplicar botox. É um procedimento simples por isso vamos aproveitar e trocar a sonda da gastro que está para fazer dois anos.
Ele foi medicado para que sua respiração fique melhor e desde então tem dormido um pouco melhor.
E nós, para aliviar a tensão, ficamos lembrando daquele dia todo atrapalhado e caindo na risada, afinal nada como o bom humor para garantir a serenidade...
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...e esse olhar para nos fazer derreter! |