Ciclos. Assim considero as diferentes fases pelas quais passamos durante nossa vida. Muitos determinam esses ciclos denominando-os como primeira infância, segunda infância, adolescência, fase adulta, etc....
Também pensava assim! Até que veio o Davi para mudar meu conceito sobre isso e muitas outras coisas, continuo considerando ciclos como partes da vida, só que agora acredito que somos nós (cada indivíduo) quem determina quando começa ou termina cada ciclo.
A primeira atitude quando me dei conta disso foi me desfazer rapidamente daquele famoso livro: "A Vida do Bebê", que a maioria das mães compram ou ganham ainda na gravidez. Eu ganhei do meu marido quando estava grávida da Maria Clara, hoje com nove anos.
Aquele livro permaneceu na minha cabeceira durante seu primeiro ano, e eu o acompanhava mês a mês, prevendo quais seriam seus próximos passos, o que ela faria no mês seguinte, e que alívio! Ela nunca me decepcionou, se era mês da criança começar engatinhar, ela engatinhava, se era pra ficar em pé apoiando-se no sofá, ela ficava. Nossa! Parecia que esse livro era feito para descrever como seria o seu desenvolvimento.
Aí chegou o Davi. O livro que estava na prateleira, já foi para o quarto do bebê junto com o enxoval. Para ser sincera, nos dois primeiros meses do Davi, os quais eu ainda não sabia que ele teria algumas limitações, eu não tinha tido tempo de sequer folhear o livro. Bebês dão trabalho!
Depois de toda a turbulência passada, e eu ciente da situação, comecei por algumas vezes a virar as páginas e já corri para o terceiro mês, no qual ele se encontrava. Foi um desastre, tristeza mesmo! Eu lia, relia, e não conseguia encaixar nada dali na vida do Davi. Deixei de lado o livro, mas no mês seguinte ele me atraía, era mais forte do que eu, tentei voltar ao primeiro mês, imaginando um atraso, mas também não deu certo.
Definitivamente aquele livro não tinha sido escrito para a mãe do Davi, talvez para a mãe da Maria Clara, mas não para a mãe do Davi. Então desisti e mandei-o para bem longe de mim, mãe do Davi.
Algum tempo depois conversando com a pediatra, pessoa muito querida, ela comentou do absurdo da existência desses livros, pois ao invés de ajudar as mães, acabam gerando inseguranças, afinal cada criança tem seu tempo, sua forma de agir e se desenvolver, ou seja um ciclo a seguir.
Assumo que deu certo para a Maria Clara, e muitas outras crianças, mas fez com que muitas mães perdessem o sono, e mães como a mãe do Davi, no caso "eu", já vissem seu filho com limitações excluídos desde o começo. Não o achei ali, mas ele está aqui em nossa vida, evoluindo e progredindo a cada dia.