terça-feira, 26 de março de 2013

É a vida que segue...

Renovar, recomeçar um ciclo, com novas experiências, novas terapeutas, renovando as esperanças e as expectativas.
Assim passamos para a segunda semana de terapias.

Pois é! Desde os 2 meses de idade o Davi teve uma única fisioterapeuta, que nos assistiu da melhor forma, estimulando-o e ajudando-o a superar muitas de suas dificuldades. Ela sabia como ninguém aliviar sua espasticidade e foi a primeira pessoa a me dar lições de como eu deveria posicioná-lo e estimulá-lo em casa. Enfim foi a primeira pessoa a me colocar em contato com as questões práticas que envolviam suas limitações.

Depois muitas portas se abriram e na ânsia de proporcionar o melhor para meu filho, fui aprendendo, pesquisando, me envolvendo cada vez mais até me deparar com diversas terapias, tratamentos, enfim uma infinidade de coisas que podem ajudar na reabilitação, integração e bem estar dele.

Infelizmente nem tudo o que desejamos fazer é possível, porque para terapias mais intensivas a criança tem que estar muito bem de saúde, sem intercorrências, como um quadril subluxado ou uma escoliose por exemplo (sem citar os altos custos envolvidos).

Mas esse ano, depois da cirurgia, recomeçamos a fisio com nova terapeuta, mudamos, mas digo que não foi uma escolha minha, foi dele! Aí vocês podem se perguntar, mas como, se ele nem se comunica? E eu respondo a vocês: se comunica sim, de um jeito que também não sei explicar, aquela coisa do sexto sentido, de analisar o dia-a-dia, mês-a-mês, sabe?

Nos últimos meses eu sentia que ele estava desmotivado, ora queria dormir e ficava bravo, ora ficava mais espástico. Pra mim estava tudo certo, porém tive um estalo, aquela coisa que é de mãe, "algo precisa mudar", o Davi fechou um ciclo, temos que recomeçar e tem que ser diferente.

Reconheci isso, e me senti feliz! Depois de algumas seções de fisio vejo claramente que existiu uma comunicação entre nós. Ele está mais interessado e tem respondido bem aos estímulos e aos exercícios.

Só que fiquei com aquele desconforto... que a gente sente quando troca a escola do filho sem um mísero motivo. Mas pensando bem...qual motivo melhor do que o "renovar".

É a vida que segue...


sábado, 16 de março de 2013

O Livro do Bebê

Ciclos. Assim considero as diferentes fases pelas quais passamos durante nossa vida. Muitos determinam esses ciclos denominando-os como primeira infância, segunda infância, adolescência, fase adulta, etc....

Também pensava assim! Até que veio o Davi para mudar meu conceito sobre isso e muitas outras coisas, continuo considerando ciclos como partes da vida, só que agora acredito que somos nós (cada indivíduo) quem determina quando começa ou termina cada ciclo.

A primeira atitude quando me dei conta disso foi me desfazer rapidamente daquele famoso livro: "A Vida do Bebê", que a maioria das mães compram ou ganham ainda na gravidez. Eu ganhei do meu marido quando estava grávida da Maria Clara, hoje com nove anos.

Aquele livro permaneceu na minha cabeceira durante seu primeiro ano, e eu o acompanhava mês a mês, prevendo quais seriam seus próximos passos, o que ela faria no mês seguinte, e que alívio! Ela nunca me decepcionou, se era mês da criança começar engatinhar, ela engatinhava, se era pra ficar em pé apoiando-se no sofá, ela ficava. Nossa! Parecia que esse livro era feito para descrever como seria o seu desenvolvimento.

Aí chegou o Davi. O livro que estava na prateleira, já foi para o quarto do bebê junto com o enxoval. Para ser sincera, nos dois primeiros meses do Davi, os quais eu ainda não sabia que ele teria algumas limitações, eu não tinha tido tempo de sequer folhear o livro. Bebês dão trabalho!

Depois de toda a turbulência passada, e eu ciente da situação, comecei por algumas vezes a virar as páginas e já corri para o terceiro mês, no qual ele se encontrava. Foi um desastre, tristeza mesmo! Eu lia, relia, e não conseguia encaixar nada dali na vida do Davi. Deixei de lado o livro, mas no mês seguinte ele me atraía, era mais forte do que eu, tentei voltar ao primeiro mês, imaginando um atraso, mas também não deu certo.

Definitivamente aquele livro não tinha sido escrito para a mãe do Davi, talvez para a mãe da Maria Clara, mas não para a mãe do Davi. Então desisti e mandei-o para bem longe de mim, mãe do Davi.

Algum tempo depois conversando com a pediatra,  pessoa muito querida, ela comentou do absurdo da existência desses livros, pois ao invés de ajudar as mães, acabam gerando inseguranças, afinal cada criança tem seu tempo, sua forma de agir e se desenvolver, ou seja um ciclo a seguir.

Assumo que deu certo para a Maria Clara, e muitas outras crianças, mas fez com que muitas mães perdessem o sono, e mães como a mãe do Davi, no caso "eu", já vissem seu filho com limitações excluídos desde o começo. Não o achei ali, mas ele está aqui em nossa vida, evoluindo e progredindo a cada dia.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Davi : O Cavaleiro das Sombras!

Davi foi liberado para terapias!

Desde a cirurgia em janeiro ele estava parado, ía da cadeira para cama ou sofá, eu procurava não mexer muito nele, pois temia que ele sentisse dor. Continuou apenas com a fono e atividades de estímulos sensoriais.

Mas ficar sem as atividades físicas foram muito prejudiciais, pois acumulam-se secreções, gazes e o intestino que é extremamente preguiçoso acaba parando de vez, então seu sofrimento estava nítido.

O acalento vinha dos colos, ora um ora outro e íamos levando, as noites também não eram nada boas, já que o cansaço também não se fazia presente passava as noites quase em claro. Mesmo tomando Frisium!

O que nos confortou foi pensar que a cirurgia foi um sucesso, e as dores de ouvido sumiram. Ainda fica febril, mas agora é devido as secreções, portanto sem grandes preocupações.

Finalmente essa semana voltamos timidamente a alguma terapia, começamos com a equoterapia, foram vinte minutos que acabaram num sono profundo.

Estava uma tarde muito agradável com algumas nuvens ao longe anunciando uma forte chuva em algumas horas, essas chuvas de verão no final da tarde, mas que proporciona um vento fresco e agradável substituindo o calor abafado do dia. E ele foi agarradinho a fisio galopar por entre a sombra das árvores.

Fico muito feliz quando sei que ele faz algo que o agrada, e digo sem  duvidas que isso realmente o agrada, tanto que dificilmente ele completa os 30 minutos, sempre dorme antes.

Depois de um cochilo breve fomos a clínica  fazer avaliação com a nova fisioterapeuta para recomeçarmos a fisio motora na próxima semana. Ele não gostou muito, com certeza estava cansado da equo, pois dormiu o final da tarde toda e a noite teve uma crise convulsiva, fraca, mas que causou vômito e muita preguiça.

Não sei dizer se há relação entre um dia agitado para ele e crise, procuro não me preocupar com isso, já que ás vezes temos que lidar com essa situação. Mas acredito que nesse caso pode ter tido relação sim, as crises estão mais espaçadas, agora são quinzenais, (e não posso me esquecer que ele tinha quase todos os dias), só que achei muita coincidência ele vir a ter crise justamente no dia em que ele voltou a fazer algo que gostava.

O que me preocupa agora é que a fisio da equoterapia me alertou sobre a escoliose, pois dependendo do caso não é prudente montar. Fiquei incomodada com isso, pois o ortopedista já esta analisando seu caso juntamente com a equipe de coluna da AACD e não me disse nada sobre não fazer algo, mesmo assim vou ligar pra ele e pedir uma indicação por escrito.

Espero que ele não tenha esquecido de dizer para não fazer, afinal meu cavaleiro das sombras em dias de tempestade no final da tarde ficaria extremamente frustrado em não montar seu cavalo.