domingo, 12 de maio de 2013

Ideia de um pai exausto

Existe um certo estranhamento por parte das pessoas ao verem a chupetinha do Davi literalmente arramada em sua boca. É, quem já viu sabe do que estou falando, eu coloco um fio de silicone e prendo a chupeta na boca dele.

Muitas pessoas ficam pasmas com a minha atitude, questionam se o fio não machuca ou se não seria melhor deixá-lo sem chupeta, já que não faz nada bem, deformando os dentes e deixando a língua preguiçosa.

Por isso, esse post é uma satisfação, e quem sabe até uma ideia para mamães que possam passar pelos problemas que passamos.

O Davi nunca se interessou por chupetas, e eu nunca insisti, pois sempre fui consciente dos malefícios. Mas com cinco meses começaram a nascer os primeiros dentinhos. Coitadinho!

Como ele tem dificuldades motoras, não conseguia segurar um mordedor, colocar a mão na boca, ou levar qualquer outro objeto à boca como fazem os bebês, e também não tinha força para segurar a chupeta sugando-a. Então, como os dentes coçavam e causavam incômodos  ficávamos coçando seus dentinhos com fraldinhas, com o bico da mamadeira ou com uma chupetinha o dia todo, e á noite também, até ele dormir.

Até que numa manhã eu acordei e encontrei  as pérolas de um colar espalhadas sobre a cômoda. SUSTO

Vejam até onde vai a criatividade de um pai com sono. Ele exausto e cansado de massagear a gengiva do bebê, teve a brilhante ideia de tirar o elástico do colar e amarrar na chupeta passando-o em volta das orelhas de forma que o Davi pudesse morder e chupar até dormir sozinho.

A partir daquele dia nossa vida mudou e a do Davi também, que se divertia, mordendo a chupeta e fazendo  malabarismos. Com a boca ele virava, revirava e quando a chupeta saia de lado fazia de tudo para pegar de volta com a boca.

Naquela época a fono achou ótimo pois de uma certa forma ele estava exercitando a musculatura da face.

Só que ele gostou da chupetinha, e hoje com quatro anos não fica sem ela especialmente quando quer dormir.

Como ainda não tem força para segurá-la na boca ela tem que ficar amarrada com o elástico, e assim nós deixamos, afinal ele não tem muitas exigências, então deixá-lo feliz com esse artifício é até uma questão de bom senso.


domingo, 5 de maio de 2013

Simplesmente Mãe!

Estou lendo o livro Paralisia Cerebral de Sulamita Meninel, e já no início do livro me identifiquei quando ela conta como foram as suas fases de aceitação em ter um filho com necessidades especiais.

Passei pela fase da tristeza, da revolta, dos choros incontroláveis dentro do banheiro, depois entrei na fase da super-mãe, aquela época em que você esquece de si mesma e se dedica ao máximo buscando os melhores tratamentos e alternativas, dando sempre prioridade a criança.

Mas como ela diz, tem a terceira fase, aquela em que a mãe deixa de ser a super mãe e passa a pensar mais em si mesma,  volta a ter vaidade, a pensar em sua vida como profissional e também cuida dos filhos com zelo e cuidado, especialmente do filho que requer mais esses cuidados.

Portanto estou num período de transição, saindo da fase super-mãe e me enredando pelo caminho da mãe que pensa mais em si mesma. Não sei quanto tempo vai durar essa transição, talvez anos. Quando se é a continuação do corpo de seu filho, sendo seus braços, suas pernas, sua voz, fica muito difícil se desligar, por um momento sequer parece que tudo vai faltar e nada será feito de forma correta, e olha que tenho pessoas maravilhosas que posso contar.

Com o Davi ainda é necessário um sexto sentido bem apurado já que ele não consegue se expressar, e acredito que só eu sei quando está feliz ou com alguma dor, quando quer brincar ou dormir. Síndrome da super-mãe!

Outro dia ao me ver pronta ao ligar para a pediatra pedindo um exame de urina para o Davi, minha mãe disse que eu estava sempre pronta para lidar com médicos, exames e doenças, e antes que eu me sentisse uma hipocondríaca  pensei no quanto os exames eram importantes na vida dele já que  não fala e não tem como me mostrar o seu incômodo.

Por, infelizmente, não ter uma visão de raio-x,(o que seria ótimo) é através de exames que sei o que se passa com ele e que caminhos devo tomar. Já não tenho esse mesmo cuidado com a minha filha. Mãe desnaturada? Não! Cuidados diferentes.

Outro dia ela me perguntou: "Mãe, de quem você gosta mais? De mim ou do Davi?" - perguntinha clássica!  Ela sempre percebeu que com o Davi eu sou super-mãe, e com ela sou só a mãe.

Pensei por alguns instantes aflita, sem demonstrar, claro, o que responderia àquela garotinha de nove anos e finalmente disse: "Não sei te responder de quem eu gosto mais, amo os dois igual, sei porque não ficaria sem nenhum de vocês. Mas digo que se não fosse você eu não teria suportado e seguido firme em meus momentos de dor quando descobri que o Davi era uma criança especial. E até hoje diante os desafios é você que me ensina que eu devo acordar todo dia, ser feliz, fazer uma festinha, sair pra passear, e você faz isso porque eu te amo muito, nem mais, nem menos que o Davi".

Foi muito emocionante porque ela chorou, e disse: "Nossa, que bom que você falou isso, mãe!"

A M. é uma criança muito doce e inteligente, ás vezes parece um adulto falando. Então não tem como florear muito, ou você a convence ou não a convence! E quando eu a convenci disso me convenci de que tenho que sair da fase de super-mãe e ser simplesmente mãe!