sábado, 28 de setembro de 2013

Nossa Tirila se foi

Nunca queria escrever esse post, contando sobre um dia triste, o dia em que perdemos nossa amada cachorrinha Tirila de um jeito tão estúpido.

A Tirila chegou em nossa casa assim que me casei, há treze anos. Ela foi mimada como uma "filha"até a chegada da Maria Clara, nunca me esqueço do dia em que meu marido dormiu com ela na cozinha porque ela estava doente, das viagens para praia em que ela ia junto e tínhamos que parar para que fizesse xixi, ou quando durante a minha primeira gravidez ela teve gravidez psicológica chegando a produzir leite. Foi um barato... chegamos ao veterinário e nem precisamos explicar o diagnóstico, assim que o doutor viu minha barriga, já solucionou o problema dela.

Depois do nascimento da Maria Clara, ela, de "filha" mimada passou a "mãe" protetora, dormindo embaixo do carrinho e latindo para qualquer um que se aproximasse, foi a companheira paciente que aguentava todas as peripécias infantis e fazia de tudo por um pedacinho de frango, nem comia ração, ou era carne, ou nada, (simples assim). Sempre que eu ia a algum churrasco voltava com um saquinho de restos para ela.

Quando o Davi nasceu ela já não tinha mais a mesma paciência, mas era zelosa e ficava sempre por perto. Passei a deixá-la junto com as outras duas cachorras que tenho no quintal depois que o Davi colocou a gastro, por motivos óbvios de ela não tentar lambê-lo ou deitar junto dele (ela sempre foi privilegiada, talvez por ser tão pequenina...) Mas devido a sua velhice neste ultimo inverno passamos a deixá-la dentro de casa, chegamos a conclusão de que ela precisava mesmo era de nossa companhia, de estar conosco.

Todos os dias, o primeiro que acordava abria a porta e deixava-a sair para fazer um xixi e tomar sol na frente da casa. Hoje a pessoa que acordou primeiro fui eu, desci para sala com o Davi que quase não tinha dormido, abri a porta para ela, deitei no sofá e adormeci.

Quando todos acordamos e fomos procurar por ela, já que não veio ao nosso encontro, quase faleci! Ela estava lá na piscina, sem vida! Foi horrível! Comecei a chorar desesperadamente, queria que o tempo voltasse para que eu pudesse acudi-la, me sentindo totalmente culpada por ter aberto para ela sair, por não ter imaginado que ela já estava velhinha e mesmo acostumada ao local da piscina, poderia em algum momento se desequilibrar e cair.

A enterramos no jardim da casa de minha mãe. Maria Clara para me consolar disse:  "ela não poderia estar melhor", e eu passei o dia todo ora me lembrando dos bons momentos, ora me remoendo em culpa e pensando em como tudo aconteceu e eu não fiz nada!

O sábado passou assim, pesado, todos silenciosos e de olhos inchados. As cachorras estão quietas e assim que coloquei a caminha dela pra fora, a Violeta, a mais "chegada" da Tirila se deitou nela, e lá ficou por um bom tempo. Acho que agora essa será a cama dela.

Já que o tempo não volta, vamos esperar que amenize a nossa dor!


 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um dia de consulta médica (em São Paulo)

A vida segue seu rumo de uma forma que as necessidades do Davi já são tão comuns no nosso dia-a-dia que até nos esquecemos delas. Entre passeios, trabalho, stress diário, festas e alegrias, tudo seguia muito bem.

Ele se mostrava feliz, evoluindo dentro de seu tempo com demonstrações de que estava cada vez mais entretido com o mundo a sua volta e gostando disso. A unica coisa que incomodava era a respiração, cada vez mais difícil, mesmo com as fisio respiratórias e aspirações feitas semanalmente ele se mostrava cada vez mais impaciente e nervoso, o que resultava em espasticidade e causava mal estar.

Eu estava certa de que o tempo seco era o vilão dessa história, e foram tubos de soro fisiológico para lavar o nariz e fazer inalações além dos umidificadores de ar na sala e no quarto ligados o dia todo. Até que... choveu! E nada dele melhorar!

Marquei consulta com a otorrino dele em São Paulo, a mesma que colocou os drenos nos ouvidos no início do ano, e lá fomos nós para a consulta, eu, ele e minha mãe. Como ela tinha algumas coisas para fazer por lá, aproveitou a viagem. Só que São Paulo é muito diferente de Limeira, especialmente em relação ao trânsito, e por mais que você saiba disso você sempre acha que dessa vez vai ser diferente e se dá mal.

Estávamos bem perto do consultório, porém demoramos uma hora e meia para chegar e quando chegamos percebemos que era do outro lado da avenida, avenida Santo Amaro, que naquele horário estava quase parada. Para retornarmos demoraríamos uns vinte minutos, então tive a "brilhante" ideia, já que estávamos atrasadas, de descer do carro e atravessar com o Davi ao colo.

Minha mãe quase surtou mas concordou ao perceber que poderíamos perder a consulta.

Começa então a grande odisseia de alguns minutos que pareceram durar uma eternidade.

Ela parou o carro em frente a uma agência dos Correios, e eu desci com o Davi todo enrolado numa manta, só o nariz e os olhos para fora, minha mãe foi nos seguindo em apuros, olhando se não vinha moto e pedindo para que os carros parassem, isso porque eu estava na faixa de pedestres e o sinal fechado. Parei no canteiro central e o sinal abriu, os ônibus passavam bem perto de ambos os lados e eu bem lá no meio com meu lemão que nem imaginava o que estava acontecendo. O sinal fechou, minha mãe voltou para o carro e eu segui até o consultório.

Andei um pouco mais de uma quadra quase correndo por que o vento estava congelante e não sei porque me lembrei do filme do ET! É que eu andava tão rápido que o Davi ficava balançando a cabecinha com a manta na cabeça. Hoje me lembro disso e caio na gargalhada, foi muito cômico... só faltou a gente sair voando...

Enfim chegamos e logo entramos para consulta, alguns minutos depois minha mãe chegou com a cadeira toda desmontada (não sei como conseguiu levá-la assim) e contando que os funcionários dos Correios ficaram cuidando do carro que ela deixou todo aberto e parado em local proibido. (Como é bom encontrar gente assim em nosso caminho).

Putz, fugi totalmente do assunto!

Voltando a falar da respiração do Davi, a médica constatou através de um exame que coloca uma sondinha pelo nariz (não me lembro do nome) que ele está com a adenoide super aumentada bloqueando a entrada de ar pelo nariz e como ele não segura a cabecinha e mantém a cabeça para trás, especialmente por causa da espasticidade, a língua fica pra trás também e acaba dificultando a passagem do ar pela boca. Resultado: ele sente muita dificuldade em respirar mesmo!

Mas como para todo problema existe uma solução... já sai de lá com a cirurgia marcada (só falta o plano de saúde liberar). Ele vai retirar a adenoide, amígdalas, fazer uma alargamento do palato e aplicar botox. É um procedimento simples por isso vamos aproveitar e trocar a sonda da gastro que está para fazer dois anos.

Ele foi medicado para que sua respiração fique melhor e desde então tem dormido um pouco melhor.

E nós, para aliviar a tensão, ficamos lembrando daquele dia todo atrapalhado e caindo na risada, afinal nada como o bom humor para garantir a serenidade...
...e esse olhar para nos fazer derreter!
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