Final de ano é tempo de confraternizar, fazer um balanço do ano que passou, pensar nas pessoas que nos acompanharam e nos ajudaram e na medida do possível agradecer.
É claro que eu não posso esquecer os nossos médicos, aqueles que cuidam do Davi e que acabam sendo tão importantes em nossas vidas.
O médico que fala pouco e suas consultas não passam de 10 minutos, o que parece meio doido que despenca todos os brinquedos da prateleira e senta no chão para examinar a criança, a super didática que deixa tudo bem explicadinho, aquela que te chama de mãezinha, o mestre que fala difícil e te deixa super nervosa em cada consulta, o cunhado médico que te socorre aos finais de semana e tira suas dúvidas, a dentista especial que tem um bebê conforto para seu bebê especial e por aí vai...
Infelizmente não é possível entrar em contato com todos para mostrar minha eterna gratidão por serem tão competentes, especialmente nessa época, já que a maioria é de outra cidade e estão todos tão ocupados.
Mas hoje fui desejar Feliz Natal à Tia Stella, pediatra do Davi, ela é uma pessoa muito importante para mim, porque a considero responsável por hoje ele estar vivo. Foi ela quem diagnosticou suas crises convulsivas que me fez procurar ajuda de um neuro e salvar sua vida.
Também foi ela quem me deu a triste notícia que ele tinha um problema neurológico, mas desde aquele dia começou uma grande amizade, amizade de consultório, de telefonemas fora de hora, em diversos momentos em que as aflições e as dificuldades são substituídas pelo alívio de ter em quem confiar e com quem contar.
Assim como todos os médicos a Dra. Stella acompanha a vida do Davi, porém, por seu jeito diferente de ser, por sua simplicidade, generosidade e amor, faz parte dela.
"Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado." José Saramago
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
Um peixe fora d'água
Hoje vou falar de algo que sempre me incomodou desde que me tornei uma mãe especial, digo "incomodou", no passado, porque sinceramente é algo que passou, não me incomoda mais.
Talvez por esse motivo escrevo esse post. Afinal quando algo me incomoda tenho dificuldades em falar sobre o assunto, quando passa, relaxo e até brinco com as situações.
Portanto o assunto é "Festinhas de aniversário"... nossa! Como foi difícil passar por elas !
Sabe aquela fase em que seu filho está crescendo, mais especificamente a partir dos 5 meses, em que as outras crianças estão mostrando, para alegria dos pais e de todos, tudo o que elas são capazes de aprender: sentar, engatinhar, andar, balbuciar e por aí vai, e seu filho ainda nem segura a cabecinha.
Pois é! E nessa idade a gente conhece um monte de gente que também tem filhos pequenos, o que é muito legal, porque há uma troca de experiências e as crianças acabam se relacionando e convivendo juntas especialmente nas festinhas.
Só que...para mim era muito difícil estar nesses ambientes e não ver meu filho participar, rir, brincar e se divertir como as outras crianças. A princípio pensei em evitá-las, mas como tenho outra criança em casa, isso não seria nada justo.
Nas primeiras reuniões, quando essa diferença começou a se tornar nítida, era um pouco complicado conversar com outras mães e até amigas minhas e ouvir as histórias de peraltices dos outros bebês sem ter nada pra contar.
Naquela época o Davi nem procurava as coisas ou pessoas com o olhar, foi a partir de um ano que ele começou a perceber através do olhar o mundo a sua volta, digo através do olhar porque sei que ele percebia de outras formas: pelo tato e audição, por exemplo.
O fato é que eu e as pessoas mais próximas dele é que sabíamos disso e é muito difícil expressar esses momentos. Como minha história de mãe que usa de sexto sentido para descobrir necessidades de seu filho iria interessar... ? Bem, nesses momentos eu quase nunca tinha algo para contar, a não ser quando me lembrava da M. bebê, mas eu ficava tão tensa e incomodada que preferia ficar quieta.
Foram inúmeras as vezes em que eu chegava em casa muito mal humorada, e tudo me irritava até que vinham as lágrimas para levar o mal humor embora. Coisa que sempre me acontece e acho bom, de mal humor nem eu me suporto.
Mas o tempo passou, e com um aninho o Davi entrou para uma Instituição de Reabilitação Infantil aqui na minha cidade, a ARIL. Por um período foi muito bom pra ele, mas foi melhor para mim, pois conviver com outras mães que enfrentavam os mesmos problemas e conhecer seus filhos me fez entrar para um mundo em que eu realmente sentia fazer parte, e aposto que o Davi também.
Comecei a entender minha dor e a respeitá-la também, e o mais importante é que aprendi a ver e me expressar em relação as conquistas do Davi, mesmo aquelas que só eu consigo perceber, mas que são muito significativas para nós, mães especiais!
Talvez por esse motivo escrevo esse post. Afinal quando algo me incomoda tenho dificuldades em falar sobre o assunto, quando passa, relaxo e até brinco com as situações.
Portanto o assunto é "Festinhas de aniversário"... nossa! Como foi difícil passar por elas !
Sabe aquela fase em que seu filho está crescendo, mais especificamente a partir dos 5 meses, em que as outras crianças estão mostrando, para alegria dos pais e de todos, tudo o que elas são capazes de aprender: sentar, engatinhar, andar, balbuciar e por aí vai, e seu filho ainda nem segura a cabecinha.
Pois é! E nessa idade a gente conhece um monte de gente que também tem filhos pequenos, o que é muito legal, porque há uma troca de experiências e as crianças acabam se relacionando e convivendo juntas especialmente nas festinhas.
Só que...para mim era muito difícil estar nesses ambientes e não ver meu filho participar, rir, brincar e se divertir como as outras crianças. A princípio pensei em evitá-las, mas como tenho outra criança em casa, isso não seria nada justo.
Nas primeiras reuniões, quando essa diferença começou a se tornar nítida, era um pouco complicado conversar com outras mães e até amigas minhas e ouvir as histórias de peraltices dos outros bebês sem ter nada pra contar.
Naquela época o Davi nem procurava as coisas ou pessoas com o olhar, foi a partir de um ano que ele começou a perceber através do olhar o mundo a sua volta, digo através do olhar porque sei que ele percebia de outras formas: pelo tato e audição, por exemplo.
O fato é que eu e as pessoas mais próximas dele é que sabíamos disso e é muito difícil expressar esses momentos. Como minha história de mãe que usa de sexto sentido para descobrir necessidades de seu filho iria interessar... ? Bem, nesses momentos eu quase nunca tinha algo para contar, a não ser quando me lembrava da M. bebê, mas eu ficava tão tensa e incomodada que preferia ficar quieta.
Foram inúmeras as vezes em que eu chegava em casa muito mal humorada, e tudo me irritava até que vinham as lágrimas para levar o mal humor embora. Coisa que sempre me acontece e acho bom, de mal humor nem eu me suporto.
Mas o tempo passou, e com um aninho o Davi entrou para uma Instituição de Reabilitação Infantil aqui na minha cidade, a ARIL. Por um período foi muito bom pra ele, mas foi melhor para mim, pois conviver com outras mães que enfrentavam os mesmos problemas e conhecer seus filhos me fez entrar para um mundo em que eu realmente sentia fazer parte, e aposto que o Davi também.
Comecei a entender minha dor e a respeitá-la também, e o mais importante é que aprendi a ver e me expressar em relação as conquistas do Davi, mesmo aquelas que só eu consigo perceber, mas que são muito significativas para nós, mães especiais!
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Dor de ouvido? Nunca mais!
Em maio deste ano o Davi teve sua terceira infecção de
ouvido, as outras duas foi há algum
tempo. Até fiquei aliviada, pois são tantas as vezes que ele tem febre sem causa aparente que quando ela fica evidente sentimos aliviadas.
Digo “sentimos” me referindo a pediatra e a mim, pois quando
ela diagnosticou disse: “Que bom! É o ouvido!” e eu respondi: “Ótimo!”, logo começamos a rir e agradecer que ninguém tenha nos ouvido, afinal iriam pensar que estávamos felizes por ele
estar doente. Mas a questão era o fato de encontrar a causa sem precisar
correr com exames de sangue e raio-x.
Mas as consultas com o mesmo diagnóstico foram se
repetindo e os antibióticos já não eram
tão eficazes. Até que precisei marcar uma consulta com a otorrino pediatra essa
semana que confirmou a orientação da pediatra de se colocar um
dreno nos ouvidos devido a uma otite externa.
Para mim foi uma surpresa. Em minha “santa ignorância” não
sabia ser possível algo assim, mas confesso que senti certo alívio, pois mesmo sendo um procedimento
cirúrgico, vai fazer com que parem as infecções e consequentemente as
dores, choros, febres, antibióticos, cólicas, noites mal
dormidas, e por aí vai...
Quanto ao procedimento, a médica disse ser algo bem simples:
o dreno é como um carretel de linha minúsculo que se coloca lá dentro do
ouvidinho através de uma pequena incisão
, após três meses o próprio organismo o expulsa
como se fosse uma cerinha do ouvido. A única coisa chata nisso tudo é o
fato de a anestesia ser indispensável.
Agora estamos aguardando o plano de saúde liberar o
procedimento que deverá ser feito no hospital da AACD. Tudo é muito burocrático e
enquanto aguardamos o agendamento os
analgésicos são muito bem vindos por aqui...
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Dreno de ouvido ou tubo de ventilação |
Não sei se é o caso do Davi, porém existe uma possibilidade.
A otorrino solicitou um raio-x de cavum para averiguar, porque as adenóides podem ser facilmente retiradas durante o procedimento da introdução dos drenos. Ainda não tenho o resultado do exame (ficam prontos amanhã), mas se for isso estou tranquila e confiante que facilmente resolveremos esse incômodo.
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Adenóides que podem ser responsáveis pelas otites do Davi. |
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Aceitação
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Nos primeiros meses de vida do Davi, logo após eu ter ficado sabendo de sua mal formação cerebral e de ter em minha mais profunda consciência uma previsão de seu prognóstico, já que ninguém o tinha feito, que ele teria algumas deficiências e não se desenvolveria como uma criança normal, me vi passando a mão sobre sua cabecinha, mais precisamente no local onde eu tinha alguma ideia da origem do problema, pedindo a Deus por um milagre.
Lembro-me de ter orado, e implorado a Deus
fervorosamente para que tudo não
passasse de suposições, e que um dia eu pudesse contar sobre minha aflição,
vivendo o alívio de ter meu filho como uma criança normal.
Não sei quando parei de pedir, não sei quando me dei conta de que o Davi não precisava de milagre, que ele era o meu milagre. Penso que foi quando o
aceitei !
Após ter entrado para
um mundo totalmente diferente daquele em que vivia, de ter conhecido pessoas que convivem com a deficiência de seus
filhos ou sua própria e não tem limites para serem felizes, sinto-me
envergonhada de um dia ter pensado que meu filho precisaria de um milagre para
ser feliz e fazer-nos felizes.
Hoje peço a Deus muitas coisas, mas sobretudo agradeço a
grandeza que faz todos os dias em minha vida, a alegria que me proporciona por
ter meus filhos e por amá-los como são.
Agradeço por ter me mostrado esse lado da vida, que me era
tão distante, por conviver com pessoas que fazem da superação o seu objetivo de
vida, por ter me dado a oportunidade de
entender que o deficiente não é doente, mas fica doente como qualquer pessoa,
especialmente crianças.
Agradeço a Deus por me dar a oportunidade de ensinar,
aprender, errar, acertar, amar, resgatar, temer e confiar, por fazer milagres em minha vida todos os
dias e peço desculpas a Ele por ás vezes não reconhecê-los.
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