segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Aceitação




Nos primeiros meses de vida do Davi, logo após eu ter ficado sabendo de sua mal formação cerebral e de ter em minha mais profunda consciência uma previsão  de seu prognóstico, já que ninguém o tinha feito,  que ele teria algumas deficiências e não se desenvolveria como uma criança normal, me vi passando a mão sobre sua cabecinha, mais precisamente no local onde eu tinha alguma ideia da origem do problema, pedindo a Deus por um milagre.

Lembro-me de ter orado, e implorado a Deus fervorosamente  para que tudo não passasse de suposições, e que um dia eu pudesse contar sobre minha aflição, vivendo o alívio de ter meu filho como uma criança normal.

Não sei quando parei de pedir, não sei quando me dei conta de que o Davi não precisava de milagre, que ele era o meu milagre. Penso que foi quando o aceitei !

Após  ter entrado para um mundo totalmente diferente daquele em que vivia, de ter conhecido  pessoas que convivem com a deficiência de seus filhos ou sua própria e não tem limites para serem felizes, sinto-me envergonhada de um dia ter pensado que meu filho precisaria de um milagre para ser feliz e fazer-nos felizes.

Hoje peço a Deus muitas coisas, mas sobretudo agradeço a grandeza que faz todos os dias em minha vida, a alegria que me proporciona por ter meus filhos e por amá-los como são.

Agradeço por ter me mostrado esse lado da vida, que me era tão distante, por conviver com pessoas que fazem da superação o seu objetivo de vida,  por ter me dado a oportunidade de entender que o deficiente não é doente, mas fica doente como qualquer pessoa, especialmente crianças.

Agradeço a Deus por me dar a oportunidade de ensinar, aprender, errar, acertar, amar, resgatar, temer e confiar,  por fazer milagres em minha vida todos os dias e peço desculpas a Ele por ás vezes não reconhecê-los.


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