Pois bem, mudanças essas que já venho vivenciando a algum tempo. Maria Clara é uma menina precoce, sempre esteve um pouco a frente em suas atitudes maduras que por muitas vezes me surpreenderam.
Quando criancinha, mais ou menos aos 4 anos, era o tipo de criança que abria a geladeira e se servia de macarrão, nunca teve paciência de esperar por alguém fazer por ela e hoje ainda continua assim.Do mesmo jeito que passa horas embaixo da mesa de jantar brincando de Barbie, eu a vejo trocando o Davi ou lavando sua sonda depois da dieta, coisas que nem me impressionam mais.
Acredito que muito desse amadurecimento precoce tenha ocorrida devido as mazelas da vida, situações do dia-a-dia que passam feito um furacão e mesmo antes de nos darmos conta, marcam lá dentro no nosso coração algo de bom ou de ruim, mas que nos faz pessoas melhores, por aprendermos com aquilo.
Com a Maria Clara, assim como com todos nós aqui em casa é assim. Mas diante do fato dela ser uma criança e crescer vendo o mundo por um ângulo ora não tão bom, ora maravilhoso, ela está amadurecendo de um jeito diferente e no final das contas isso é bom.
A gente sempre faz de tudo pra criar os filhos do jeito correto, dando exemplos, ensinando, mas hoje quando me deparo com livros com teorias de como educar penso que com certeza o autor não tem filhos por que a realidade é bem diferente,ela nos envolve de uma tal maneira que não temos tempo de pensar em como vamos fazer isso ou aquilo, a gente vai vivendo.
Uma situação que ficou muito marcada em minha memória aconteceu há uns 4 anos quando o Davi ainda era um bebê. Eu estava voltando da fisioterapia com ele e a Maria Clara que estava em férias, era uma tarde chuvosa e eu dirigindo o carro sem rumo me lembrava da conversa tida momentos atrás com a fisioterapeuta, conversa essa que me fez cair na real sobre as reais dificuldades dele. Naquela época eu tinha ilusões que tudo se resolveria, ainda estava no processo da não aceitação. Enfim, eu comecei a chorar e a Maria Clara pequenina com 6 anos me perguntou o motivo do choro e eu me abri com ela e contei.
Contei que o Davi seria uma criança diferente que talvez ele demorasse mais tempo a fazer as coisas que as crianças faziam ou talvez nem fizesse. Ela começou a chorar também e ficamos as duas chorando e andando com o carro enquanto o Davi dormia na cadeirinha. Até me lembro das ruas que passamos.
Hoje me dou conta que não devia ter me aberto com ela, era apenas uma criança, eu a deixei triste, mas o estado de desmazelo em que me encontrava não me deu chance para pensar e simplesmente fiz. São esses momentos que nos coloca de frente com a vida e que nos amadurece e nos faz crescer e evoluir espiritualmente, algo que simplesmente acontece sem que possamos evitar. Talvez ela seja mais evoluída do que eu e esteja aqui entre nós, justamente para nos ajudar.
Penso isso quando a vejo cuidando do irmão, ela sempre tem um tempinho pra ele. Lê para ele. Criou um livrinho para ensiná-lo os nomes de alguns objetos e deu um caderno para ele, onde passa horas fazendo-o escrever sob seu auxílio, ele é apaixonado por ela.
Entende tanto as dificuldades pelas quais passamos e se inclui nelas, quantas vezes não dormi e quando acordei a vi com o Davi ao colo sentada no sofá, balançando-o para que seu choro não me acordasse e eu pudesse descansar.
Mas não pensem que ela não sabe exigir seus direitos ou que de vez em quando não fica de castigo, é teimosa que só ela sabe ser, desastrada e bagunceira de um jeito que não tem pra ninguém!
Bem, finalmente a gente vai levando a vida do jeito que a vida nos leva, erramos tentando acertar e no final das contas dá tudo certo. O importante é dar valor ao que realmente merece ser valorizado! O amor!
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